Estudo revela que estímulos magnéticos podem atenuar o sofrimento de pacientes resistentes a medicamentos

O poder do um ímã sobre o humor. Um tema que parece mais adequado a artigos de revistas esotéricas, daqueles que enaltecem os benefícios ilimitados das pirâmides sobre a energia cósmica canalizada para equilibrar o corpo. Mas, neste caso, não é nada disso.

Um grupo de cientistas do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina de Milão, liderados por D. Rossini, publicou recentemente na revista Psychiatry Research um estudo que avaliou o impacto da estimulação magnética transcraniana (através da cabeça) em pessoas com depressão grave. O procedimento foi realizado durante cinco semanas em pacientes resistentes ao tratamento medicamentoso convencional.

Os 54 participantes da pesquisa foram sorteados para receber ou não a estimulação magnética, por meio de um equipamento especial, dirigida a uma área específica do cérebro (região pré-frontal esquerda). É interessante notar que nem os pacientes nem seus médicos sabiam se estava sendo, ou não, administrada a estimulação, num tipo de estudo chamado “duplo-cego”. Dessa forma, o “efeito placebo” causado pela simples aproximação do equipamento e de sentir-se tratado podia ser avaliado.

Ao término do estudo, os pesquisadores observaram melhora dos sintomas em 61% dos pacientes que receberam a dose total de estimulação magnética. Número extremamente significativo quando comparado com os 6% de melhora constatados no “grupo placebo”. E não foram constatadas complicações ou efeitos colaterais importantes dessa técnica.
Os resultados do estudo podem abrir novos horizontes no tratamento de pacientes com depressão grave, rebelde ao controle por medicamentos. A técnica de estimulação magnética poderá ser uma ferramenta auxiliar muito útil e segura à disposição dos psiquiatras. Os autores da pesquisa recomendam mais estudos para confirmar suas observações em larga escala.


EXERCÍCIOS E LONGEVIDADE
Finalmente, conseguiram quantificar os benefícios do exercício físico. Durante décadas recomendou-se a atividade esportiva, leve ou moderada, como um promotor de saúde e prevenção de problemas graves. Somente nesta coluna, dezenas de estudos já foram discutidas e apresentadas confirmando as vantagens (e, algumas vezes, as desvantagens) do esporte, que é bom para o coração, o cérebro e a osteoporose, entre outros benefícios.

Mas a maioria das pessoas gostaria de saber o quanto de benefício, em números, estaria acumulando ao se lançar em atividade regular, por muitos anos a fio. Comprovar e medir esse impacto não é tarefa fácil. É preciso contar com uma população selecionada, fixa, passível de seguimento por um longo período, e com controle razoável das variáveis relevantes.

Um estudo recém-publicado na revista Archives of Internal Medicine conseguiu exatamente isso. Com apoio dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, o pesquisador O. Franco e sua equipe avaliaram o impacto da atividade física regular, intensa ou moderada, sobre a saúde e a expectativa de vida de 5 mil pessoas que viveram por mais de 50 anos contínuos na cidade de Framingham, estado de Massachusetts.

Os pesquisadores observaram que os indivíduos que levavam uma vida sedentária viveram, em média, 1,5 ano menos que os adeptos de atividades esportivas moderadas e 3,5 anos menos que os praticantes de esportes mais intensos.

Os números foram parecidos em mulheres e homens, independente de idade e de outros problemas de saúde. E os cientistas ainda confirmaram os efeitos positivos do exercício em prevenir doenças cardiovasculares graves (infarto, derrame etc.).

Baseados nos resultados desse estudo, os pesquisadores reafirmam a necessidade de incluir atividade física de forma regular (praticamente todos os dias da semana) e de intensidade no mínimo moderada (caminhar rapidamente ou correr) por 30 minutos ou mais. Quanto antes a prática for iniciada, melhor. As conseqüências são claras: longevidade com qualidade de vida.

por Riad Younes

http://www.cartacapital.com.br/2005/11/3479/